Critica: À Beira Mar

Por: Lucas Salgado

Após iniciar a carreira de diretora de forma ambiciosa, com duas grandes produções de guerra (Na Terra de Amor e Ódio e Invencível), Angelina Jolie Pitt escolheu uma obra mais intimista como terceiro filme. Sem cenas épicas ou centenas de figurantes, a premiada atriz acabou contando com maior domínio da narrativa para realizar aquele que até aqui é seu melhor trabalho.

É claro que ser melhor que as duas produções anteriores não é lá muita vantagem, mas a verdade é que pela primeira vez Angelina realiza uma obra com mais méritos do que deméritos.

À Beira Mar conta a história de um casal que se hospeda em uma região pouco frequentada no litoral francês. Juntos há 14 anos, os dois vivem uma rotina separada um do outro. Ela (Jolie) passa o dia no quarto do hotel, enquanto que ele (Brad Pitt) fica no bar conversando com moradores locais na expectativa de ter uma ideia para seu próximo livro. O dia a dia da dupla muda com a chegada no hotel de um casal de recém-casados (Mélanie Laurent e Melvil Poupaud).

Os veteranos Niels Arestrup e Richard Bohringer completam o pequeno, mas eficiente elenco da produção. Juntos em cena pela primeira vez desde Sr. e Sra. Smith, Angelina e Brad são os principais destaques. Ela parece sempre no limite da loucura, prestes a estourar. Ao mesmo tempo, passa um ar de frieza e abandono marcante. Já o ator, parece mais contido, mas também oferece momentos de completo desespero.

Angelina demonstra uma grande evolução como diretora, realizando um filme mais contido não apenas em termos de história. Aqui, ela também deixa de lado a trilha sonora permanente e desenvolve um longa com bons momentos de completo silêncio, que refletem o distanciamento cada vez maior entre o casal principal.

A fotografia de Christian Berger também merece destaque. Aproveita bem o cenário paradisíaco, como realiza belas tomadas em que usa reflexos de vidros, espelhos e retrovisor.

O grande "porém" da produção está no roteiro escrito por Jolie. Se por um lado, ela consegue criar uma obra bem europeia, com diálogos inteiros em francês e com um clima que remete ao cinema italiano dos anos 50 e 60, por outro ela não consegue desenvolver um final satisfatório e, pelo contrário, acaba irritando o espectador com uma solução óbvia e desinteressante. Acaba sendo uma bela preparação para um final fraco.

Apesar dos problemas de ritmo, By The Sea (no original) representa uma evolução na carreira de Angelina como diretora. Ela está melhorando e já adquiriu confiança para se comandar em cena. Trata-se de uma obra bem teatral, mas com atores capazes de carregá-la até o fim.

Fonte: Adoro Cinema

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